quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um novo projeto de desenvolvimento para a região do Cantu e o Centro Sul

Por Elton Barz

A mesorregião do Centro Sul Paranaense, este é o nome dado a região pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico- IPARDES a região onde se encontra a Associação dos Municípios do CANTUQUIRIGUAÇU. A diferença está na inclusão de municípios da região de Guarapuava que pertencem a Associação de Municípios do Centro Sul do Paraná.

Para o IPARDES esta mesorregião teve sua história de ocupação e organização do espaço assentado em grandes propriedades rurais, os famosos latifúndios, que se desenvolveram, fundamentalmente, atividades de cunho extensivo e extrativo. Nas últimas décadas, devido à existência de áreas economicamente subutilizadas, uma frente de ocupação se estabeleceu na região, com populações oriundas predominantemente do norte e oeste do Paraná. A modernização da agricultura somente se intensificou a partir dos anos 80, quando também se fortaleceu a integração com outras áreas mais dinâmicas do Estado.

A região possui 15% da cobertura florestal remanescente do Paraná, contendo ainda importante área de reflorestamento. Esse remanescente serve de habitat a 45% das espécies de mamíferos e 46% das aves presentes no Estado, muitas delas sob risco de extinção. O Vale do Iguaçu, com suas florestas, serve de dispersor da biodiversidade regional; porém, a presença de inúmeros represamentos e usinas hidrelétricas que vem provocando o comprometimento de várias espécies endêmicas de peixes.



Recortada por poucos municípios, entre os quais se destacam Guarapuava, Palmas e Laranjeiras, a mesorregião apresenta baixa densidade de ocupação. Pequena base populacional e mantém-se como uma das regiões menos urbanizadas, contribuindo com um dos maiores volumes na composição da população rural do Estado. Essa característica é reforçada também pelo elevado número de assentamentos rurais (34% das famílias assentadas no Paraná) e áreas indígenas (62% do Estado).

Comparando-se com as demais, a mesorregião encontra-se em estágio menos avançado de transição demográfica, apresentando, no início dos anos 90, o mais elevado nível de fecundidade e os menores índices de expectativas de vida ao nascer. Em 2000, a maioria dos seus municípios registrou mortalidade infantil superior ao coeficiente estimado para o Estado. Do mesmo modo, em termos relativos, a presença de idosos na composição etária da região é ainda incipiente, elemento indicativo de uma população preponderamente jovem.

O Centro Sul apresenta os indicadores sociais em condições comparativamente desfavoráveis. Todos os municípios registram IDH abaixo da média paranaense, desempenho que se repete quando aos componentes do índice, sendo o da renda per capita mais crítico. O ritmo da implementação das políticas públicas, na região, não foi suficiente para propiciar ampla cobertura dos serviços básicos de educação e saúde. Ademais, a grande dificuldade na geração de emprego e renda faz com que nenhum município tenha renda superior à do Estado: sete dos dez municípios mais pobres do Paraná estão localizados nessa mesorregião, na qual 1/3 das famílias é pobre.

A estrutura ocupacional da mesorregião é marcada pelo elevado peso da ocupação em atividades rurais (39% dos ocupados). As ocupações industriais e terciárias encontram-se fortemente concentrados em Guarapuava, que concentra também a maior parte das pessoas desocupadas na região. O crescimento recente do emprego formal foi marcado pelo incremento verificado nos menores municípios, ligado a atividades do setor publico, possivelmente com o reflexo da instalação de 17 novas municipalidades nas duas ultimas décadas.

Em termos gerais a economia da região vem mostrando ganhos de participação no Valor Agregado Financeiro VAF do Estado, passando da 8ª colocação entre as mesorregiões, em 1975, para 5ª, em 2000. Todavia, esses ganhos não foram igualitariamente distribuídos, encontrando-se fortemente concentrados em poucos municípios. Tampouco se expressaram socialmente, já que os baixos indicadores confirmam a desigualdade social na região.

Este fato guarda associação a característica de sua base produtiva, em que a estrutura fundiária é das mais concentradas do Estado e polarizadas entre grandes e pequenas propriedades. Embora conte com a presença de produtores de commodities, que vem apresentando expressivo aumento de produtividade, é significativa a produção familiar, caracterizada, porém por baixos rendimentos, inclusive quando comparados com o mesmo segmento em outras regiões do Paraná. Também sua organização em cooperativas, salvo exceções, vem sofrendo sucessivas crises, sem conseguir o mesmo peso econômico verificado em outras regiões.

Quanto às atividades industriais, além da baixa diversificação setorial, seu dinamismo tem sido insuficiente para absorção da população. Porém, como tendência, verifica-se a indústria madeireira vem se modernizando, com a chegada de novos segmentos, como a produção de laminas e chapas, e que outros segmentos vão ganhando importância, como o mobiliário, o de químicos diversos (particularmente na produção de resinas para a indústria madeireira), vestuário e embalagens plásticas.

As finanças municipais reproduzem o padrão estadual de composição da receita, com os municípios menores fortemente dependentes das transferências federais e, em menor escala, das estaduais, não dispondo de potencial na arrecadação de tributos próprios. Este fato leva o fortalecimento da busca pelas tais emendas parlamentares, que em muitos casos já se transformaram em dependência vital para a sobrevivência financeira de um numero grande de municípios. Este fato leva a uma política elitizada e de pouca renovação. Os deputados da região são despachantes de luxo do executivo fortalecendo seus votos com a amarração de emendas para cada prefeitura. Mesmo Guarapuava, com maior disponibilidade de recursos próprios, ainda mantém um percentual inferior ao observado em municípios de mesmo porte do Estado.

Em termos de infraestrutura viária, a mesorregião conta com um importantes eixos, a FERROESTE e principalmente a BR-277, que vem se consolidando como fator de adensamento populacional. Chama à atenção a baixa densidade da malha rodoviária, com as ligações intermunicipais feitas através de precárias rodovias secundárias. Quanto à presença da FERROESTE, há a necessidade da melhoria de sua trafegabilidade, de modo a ampliar seu papel na rede viária regional e estadual.

As experiências institucionais de Ciência e Tecnologia e Inovação são recentes e, a exemplo das demais mesorregiões, encontram-se concentradas no pólo regional, Guarapuava, mostrando a importância de uma universidade publica na melhoria da vida das pessoas. Esperamos que a consolidação da Universidade da Fronteira Sul em Laranjeiras possa contribuir com a desconcentração destas atividades.

Precisamos assim de debater com toda a sociedade civil organizada, com os governos municipais, o governo estadual e federal um novo projeto de desenvolvimento para nossa região. Um projeto que inclua a maioria da população dentro do crescimento que começamos a viver durante o governo Lula. Precisamos unir forças para não deixar que as forças do atraso, que sempre impuseram a nossa população o amordaçamento das ações, consigam imobilizar a vocação para a um mundo melhor. Precisamos construir, coletivamente, os caminhos da igualdade para nossa região.

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