terça-feira, 22 de junho de 2010

Novas perspectivas para os Campos Gerais

Por Elton Barz

A região dos Campos Gerais integra uma vasta área do chamado “Paraná Tradicional”. Sua economia e se sociedade se organizaram fundamentalmente a partir de grandes fazendas que sustentaram o ciclo econômico do tropeirismo, da erva mate e da madeira, completamentados por um setor de subsistência, em pequenas áreas. As atividades de caráter extrativo e a pecuária, que caracterizaram até recentemente a economia regional, gradativamente incorporaram inovações, consolidando uma produção agropecuária com alto grau de articulação com as agroindústrias instaladas na região. A grande marca que permanece desse processo de ocupação é o elevado nível de concentração da posse da terra.

As restrições naturais de fertilidade, profundidade do solo, relevo ondulado, que dificultam a expansão de lavouras, favorecem a utilização das terras com matas e florestas, nos grandes estabelecimentos, sendo que a região se destaca pela presença de extensas áreas de reflorestamento de pinus. Ao lado desse uso predominante, parte dessas terras está sendo direcionada para a produção intensiva de commodities e matéria prima que tendem a garantir mercado e rentabilidade para os proprietários.

A situação de entroncamento rodoferroviário, a proximidade com o Porto de Paranaguá e a qualidade da malha viária estiveram na base da conformação do parque agroindustrial regional, assentado na indústria de papel e papelão, (conformando um dos mais importantes pólos do país) na produção de leite e derivados, e no grupo agroquímico-moageiro, ancorado pelos segmentos da moagem de soja e produção de fertilizantes. Na segunda metade dos anos 90, a localização estratégica em relação a Curitiba, aliada à consolidação da infraestrutura urbano-industrial, constituíram fatores de particular importância para incorporar novos segmentos.



Na década de 70, o processo de modernização da agricultura possibilitou aos produtores da região, particularmente os pertencentes às colônias e organizados em cooperativas, assim como os grandes proprietários, alavancar uma produção intensiva em capital. As atividades se transformaram, qualificaram e atingiram patamares elevados da produção agropecuária, consolidando um importante segmento agroindustrial do Estado. A pauta agrícola regional incorporou, ainda, a produção de soja combinada com trigo, e também do milho, importante componente da alimentação dos rebanhos leiteiros.

Essa dinâmica econômica da região não tem se refletido sobre o mercado de trabalho. A nossa região apresenta a menor taxa de atividade da população economicamente ativa e a segunda maior taxa de desemprego. Um dos fatores relacionados a esse quadro é a proporção relativamente baixa de ocupados em atividades agropecuárias. Outro fator que merece destaque diz respeito ao ritmo de crescimento do emprego formal. Diferenciada por um mercado de trabalho com elevada formalização e significativo contingente desses trabalhadores, a região apresentou uma variação do nível de emprego, no período 1996/2006, inferior a taxa estadual.

Desde os nãos 70 verifica-se na região um incremento populacional significativo, fortemente concentrado na nossa Ponta Grossa. No período recente ocorreram perdas de população rural, mas as áreas urbanas permanecem crescendo de forma expressiva, elevando o peso populacional da região no total do Estado. As migrações vêm contribuindo nesse cenário: os fluxos de saída de população são em grande parte compensados pelos fluxos de entrada, com predominância daqueles vindos de outras regiões do Paraná. Esse processo de crescimento da população vem reforçando o caráter urbano que, nos anos 70, era a única região do interior do Estado a ultrapassar a 50% de grau de urbanização. Atualmente, apenas os municípios de Reserva e Ortigueira permanecem de tipo rural, condição reforçada pela presença de áreas destinadas a reservas indígenas e assentamentos rurais.

O IDH confirma as dificuldades em se alcançar um padrão de desempenho no patamar médio paranaense. Á exceção de Ponta Grossa, que faz parte do pequeno conjunto de 23 municípios paranaenses considerados de alto desenvolvimento, os demais apresentam esse indicador inferior ao do Estado. Sendo assim a equalização do desenvolvimento nos Campos Gerais tem que ser uma das metas a ser perseguidas. O grau de instrução da população de 15 anos ou mais de idade alcança a média de sete anos em Ponta Grossa, enquanto em outros municípios chega apenas a quatro. O indicador de mortalidade infantil, bastante expressivo das condições de saúde, educação e saneamento, apresenta-se elevado em grande número de municípios. São também deficitários os serviços adequados de esgoto, bastante defasados dos níveis de atendimento relativos à rede de abastecimento de água. Fato que expressa à grande urgência do investimento público em obras de infraestrutura, que leve a universalização de serviços de abastecimento e esgoto, bem como o aprimoramento do acompanhamento da saúde da população.

Evidenciando o grau de desigualdade social e regional, poucos municípios apresentam taxas de pobreza inferiores à média do Paraná e alguns registram o dobro dessa média. No caso desses municípios, em particular, o atendimento às demandas sociais encontra maiores limites, considerando que a composição das finanças municipais guarda extrema dependência de transferências do governo federal. O que faz de boa parte dos prefeitos municipais pedintes crônicos, muitas vezes se atrelando a lideres que inibem a renovação dos nossos quadros políticos.

Há de se ressaltar que os Campos Gerais possuem fatores com forte potencial de desenvolvimento socialmente mais harmonioso. A diversificação da matriz possibilita a maximização das vocações locais, bem como a abertura para a entrada de novos segmentos que possam ampliar ou complementar as cadeias existentes. Destacam-se o elevado potencial para o turismo, dado o importante patrimônio histórico cultural, atrativos naturais peculiares em função do relevo contrastante e biomas diversificados, com ênfase ao Canyon Guartelá e ao parque Estadual Vila Velha como sítios naturais de grande valor turístico. Mas mesmo assim contando com estes atrativos precisamos de um grande programa de qualificação e desenvolvimento do nosso turismo. O turismo rural e a infraestrutura para grandes simpósios ainda engatinha. Precisamos de um grande e centro de eventos em Ponta Grossa e melhor divulgação das potencialidades turísticas da região.

Precisamos implementar a Região Metropolitana de Ponta Grossa para que possamos efetivar políticas consorciadas que equilibre as desigualdades regionais.

Precisamos criar um fórum de debate a de acompanhamento das políticas publicas na região. A Associação dos Municípios dos Campos Gerais não consegue sozinho cumprir esta função. Talvez como foi feito na região do ABC paulista, poderíamos criar a Câmara do Campos Gerais, onde participariam os executivos e os legislativos municipais, o executivo estadual e federal mas também os empresários, a academia e lideranças comunitárias e sindicais.

Potencial de desenvolvimento dos Campos Gerais é um dos melhores do Estado. Precisamos urgentemente de um grande projeto de desenvolvimento para os Campos Gerais. Um projeto mais harmonioso e que possa mobilizar todas as lideranças governamentais, políticas, empresariais e sindicais. Precisamos construir o entendimento que permita que todos caminhem para o mesmo lado. O lado da construção dos caminhos da igualdade.

2 comentários:

  1. Uma cooperação entre os munícipios é algo elementar no avanço da região, tal ação só se da com um debate amplo com representantes não só das localidades, mas dos setores tecnologicos e do conhecimento! A proposta do fórum seria muito pertinente!

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  2. Bom vamos a luta e eleger Elton Barz 65222

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